Spawn Origem – Vol. 2 – Resenha

Roteiro: Todd McFarlane, Alan Moore e Frank Miller
Desenhos: Todd McFarlane
Cores: Steve Oliff, Reuben Rude e Olyoptics
Data no Brasil: Abril/2008

Sinopse: Continuando com as primeiras histórias do Soldado do Inferno, este volume traz o primeiro confronto com Chacina, o ciborgue assassino a serviço da Máfia, uma história de Billy Kincaid no Inferno, logo após ter sido morto por Spawn no volume 1, e um confronto de Spawn contra duas gangues rivais.

Positivo/Negativo: para os fãs mais novos de Spawn, deve ser engraçado ver a grande diferença entre as histórias clássicas para as atuais. Enquanto atualmente a revista está com arte mais sombria e histórias bem sérias, no início tudo era bem colorido e com histórias com retoques de bom humor, mesmo sendo às vezes negro. Quando Todd McFarlane introduziu sua Cria do Inferno no mundo dos quadrinhos, ele era muito mais herói do que hoje. O conceito de Céu e Inferno era apenas pano de fundo, chegando a ponto de às vezes esquecermos que eles estão lá. Spawn era um fantasiado que lutava contra a injustiça do mundo. Isto pode ser visto na primeira história, quando Chacina ameaça os sem-teto da Cidade dos Ratos atrás do matador dos chefões da Máfia e Spawn os defende, mesmo sabendo que pode ser morto no duelo. Típico de um herói.
Na história das gangues acontece praticamente a mesma coisa, mas mudam os personagens e o motivo. As duas gangues, os Nerds e os Cricas, lutam pelo território da Cidade dos Ratos, pois é uma espécie de corredor para uma gangue invadir a outra. Mais uma vez Spawn está lá defendendo os mendigos. A cena de Spawn imitando o filme “Alien” se tornou clássica na memória dos fãs. Como tinha dito no início, havia humor negro nas histórias clássicas, algo que hoje não existe mais.

Outro fator que chamava a atenção nos fãs e nas críticas são as cores. A Image inovou na época introduzindo as cores computadorizadas por softwares, como o Photoshop. Ao abrir uma página víamos as cores explodindo à nossa frente, com suas misturas degrades, o que era muito difícil utilizando guache. Inclusive, foi por causa disto, que muitos criticaram a Image, onde eles valorizavam mais as cores e cenas do que o roteiro, considerado fraco. Não é o caso de Spawn. Apesar das cores fortes e cenas impactantes, tínhamos um bom roteiro, afinal de contas, nesta edição, contamos com dois roteiristas de peso: Alan Moore e Frank Miller.

Moore nos brinda com uma história narrando como Billy Kincaid foi para o Inferno. Foi o primeiro contato dos fãs com o cenário concebido por Todd McFarlane sobre sua concepção de Inferno, baseado na Divina Comédia, de Dante Alighieri, onde o Inferno é dividido em dez círculos, ou esferas como é chamado na história, cada um relacionado a um tipo de condenação diferente, dependendo do tipo do pecado. A agonia de Billy Kincaid querendo matar mais uma vez, mesmo estando morto, ficou muito boa nas mãos do cabeludo inglês.

Já Frank Miller traz um conto onde duas gangues rivais disputam o território da Cidade dos Ratos, lar de Spawn e seus amigos mendigos. Esta história é interessante para os dias atuais pois trazia elementos que hoje foram extintos da revista: a tecnologia. Assim como na história de Chacina, McFarlane e Miller usam e abusam de armamento pesado e ciborgues. Para a época era legal ver Spawn segurar um canhão de plasma maior do que ele, ou o grandalhão choroso James sacar vários pequenos canhões de seu antebraço, porém, visto hoje, soa até ridículo. Mesmo assim, a história está valendo. Segundo David Hine, atual roteirista, estes elementos serão extintos da história, o que ao meu ver acho melhor. Na atual fase, não caberia bem Spawn usar canhões ou tanques para lutar contra seus inimigos.

Mas infelizmente, as melhores histórias não participaram desta edição, que foram escritas por Neil Gaiman e Dave Sim. Para explicar mais uma vez, Gaiman ganhou na justiça os direitos autorias sobre os personagens que ele criou para a edição 9. São eles Ângela, Spawn Medieval e Cogliostro. Como Todd McFarlane usou destes personagens em várias edições seguintes sem pagar os devidos direitos à Gaiman, o caso foi parar nos tribunais, com ganhou de causa para o inglês. Desde então a edição 9, assim como a mini-série Ângela não podem ser mais republicadas sem permissão de Gaiman. Com isto, estes personagens foram abolidos da das histórias atuais.
Já o caso de Dave Sim foi mais pessoal. Pai do personagem Cerebus e um dos grandes nomes dos quadrinhos independentes, Sim aplaudiu a Image pela iniciativa de quebrar a exploração da Marvel e da DC, dando completos direitos de personagens aos seus autores. Com isto, ele aceitou o convite de McFarlane para escrever uma edição de Spawn, onde o escritor critica duramente o mercado dos quadrinhos, mostrando os seus personagens e criadores presos no Inferno. Na época esta história foi muito elogiada pela crítica especializada. Só que com o passar do tempo, Dave Sim viu que a Image era só mais uma no mercado dos quadrinhos e havia deixado seus ideais de lado dando importância maior ao retorno financeiro. Com isto, Sim proibiu que seu nome fosse ligado à editora e evitou que esta revista fosse lançada em outros países e relançada nos EUA. Uma pena, pois a cena onde heróis como Homem-Aranha, Superman e Batman, com suas mãos atrás das grades, é uma obra-prima. Mas a falta destas edições não comprometem a leitura do encadernado. Futuramente que será citado o confronto de Spawn com Ângela, mas também não deve haver grandes problemas.

Agora, citemos a edição nacional, lançada pela Pixel Media.

Seguindo o mesmo formato do volume 1, esta edição está bem trabalhada, começando com uma pequena introdução feita exclusivamente para o Brasil por Brian Haberlin, editor-chefe da TMP e desenhista atual da revista. A seguir temos uma pequena biografia dos personagens principais, com algumas imagens retiradas do guia A Bíblia do Spawn. Nas páginas finais um resumo das edições 9 e 10 que não saíram no encadernado, um texto onde Cassius Medauar conta como virou um fã de Spawn, e por último uma listagem do que já saiu no Brasil de Spawn sob o selo da Pixel, tudo muito bem trabalhado e diagramado. Mas nem tudo são flores, a começar com o preço (R$ 32,90) que ficou um pouco salgado para o bolso de alguns fãs, mas esta é a média de preço será para todos os encadernados da Pixel atualmente por causa dos custos de gráfica, portanto não podemos exigir muito. Mas alguns problemas foram encontrados. No início de cada história é mostrada apenas uma miniatura das capas, com menos de 1/4 do tamanho original, ofuscando o brilho de algumas artes, principalmente a da edição 8, inspirada na famosa capa de Spider-Man #1 com a saga Tormento, título que foi criado pela Marvel para McFarlane assumir o Homem-Aranha. Aliás, as capas das edições 9 e 10 poderiam ter vindo na matéria sobre estas edições, já que as próprias constam no site oficial, o que não deve afetar os direitos autorais.
Outro problema ocorreu, que foi a falta dos títulos das histórias, assim como aconteceu no primeiro encadernado. Para que o conhecimento dos fãs, os títulos das edições dos dois encadernados são:

Spawn #1 – Questões – Parte 1
Spawn #2 – Questões – Parte 2
Spawn #3 – Questões – Parte 2
Spawn #4 – Questões – Parte 2
Spawn #5 – Justiça
Spawn #6 – Retribuição – Parte 1
Spawn #7 – Retribuição – Parte 2
Spawn #8 – No Paraíso
Spawn #11 – Lar

Já na história foram encontrados dois problemas, mas especificamente na edição 8. Primeiro sobre o demônio que serve como guia de Billy Kincaid. Na história ele chamado de Vingador, assim como na edição da editora Abril, mas depois seu nome foi mudado para Vindicador por Alan Moore na mini-série Violador. Tudo bem que não é considerado um erro grave, já que não sei como é no original, mas não deve ser Avenger, certo? Outro erro na mesma história foi a falta do acento agudo em Malebólgia.

No mais, apesar de ser uma reedição, é sempre bom ver Spawn com mais edições especiais em bancas, para o deleite de novos e antigos fãs. Agora, é só esperar para Spawn Origem – Volume 3, mas ainda não há informações sobre quais edições comporão o encadernado e também a data de lançamento.

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